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Comportamento

Os desafios do autista no mercado de trabalho

Jovem chama atenção para a importância das oportunidades profissionais para pessoas com TEA

O estudante de história canoense Andrey da Silva, está fora da estatística.
Foto: Wellington de Araújo

O mercado de trabalho ainda é um desafio para pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 85% dos brasileiros com TEA estão desempregados. Caracterizadas por déficits na comunicação e interação social em múltiplos contextos, interesses fixos e comportamentos repetitivos e estereotipados, as pessoas com TEA , embora tenha direitos garantidos pela Lei 12.764, de 2012 (também conhecida como Lei Berenice Piana) pouco se vê de forma prática sua inserção no mercado de trabalho.

 O jovem Andrey da Silva, de 19 anos, de Canoas, recebeu uma oportunidade e está fora desta estatística.  Autista de Nível 1 de Suporte, diagnosticado aos seis anos de idade, hoje trabalha como recepcionista do Instituto Meiriane Azeredo – Centro Clínico e Educacional de Psicologia, especializado em TEA. “Eu me sinto muito bem, sinto que estou me desenvolvendo e ampliando meus conhecimentos, todos aqui são incríveis, aqui é uma empresa inclusiva!”, afirma Andrey.

 A vida adulta de pessoas com Autismo deve ser considerada, do ponto de vista de sua inserção social, também por meio de oportunidades profissionais. “Os avanços em terapias e na oferta de serviços de suporte permitem a inclusão deste público no mercado de trabalho, o que influencia na qualidade de vida e possibilita que as pessoas com TEA exponham e desenvolvam habilidades já adquiridas”, afirma Meiriane Azeredo, psicóloga especialista em Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro Autista e Diretora do Instituto.

Estudante universitário de História, Andrey percebe que a maioria das empresas não sabem muito sobre o Autismo e que procurar trabalho é três vezes mais complicado. “Diversos locais não têm a devida acessibilidade. Eu fico muito feliz de ver nos meus dois primeiros trabalhos serem inclusivos, o triste é que várias empresas não são, muitas não conhecem nenhum artigo sobre a Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência), infelizmente muitas não querem nem saber”, diz Andrey. Salienta-se que, o indivíduo TEA mesmo sendo inserido e recebendo tratamento adequado, ainda sofre com barreiras devido às manifestações características do autismo. Entre as dificuldades está o preconceito dos empregadores. Outro problema é a percepção exacerbada de inconveniências e potenciais incorridos na hora da contratação. Além da estigmatização, a falta de vagas de boa qualidade ou empregos sub-remunerados, com menos carga horária e sem possibilidade de crescimento, desestimula o ingresso ao mercado de trabalho das pessoas com TEA.  

A Terapia ABA, sigla que vem da língua inglesa que significa Applied Behavior Analysis, citada no português como Análise do Comportamento Aplicada, é um tratamento eficaz, considerado como um tratamento padrão ouro no TEA.  “A ABA procura diminuir as barreiras comportamentais apresentadas no TEA em ambientes naturais. O objetivo, então, é ampliar o repertório comportamental significativo, os quais são relevantes e diminuir aqueles comportamentos que são prejudiciais ou que estão afetando negativamente o processo de aprendizagem. Visa aumentar a qualidade de vida dos indivíduos com TEA e de suas famílias”, esclarece Meiriane.

Sobre o futuro profissional, Andrey é otimista. “Tenho expectativas positivas, claro que tenho minhas preocupações, principalmente, pois sei que existem muitos desafios, mas eles são feitos para serem superados. Quero aprofundar cada vez mais no meu curso que abre portas para me tornar professor ou historiador, e desejo também em aprender inglês e mandarim”, diz. E para os empregadores, Andrey faz uma apelo. “Aprender sobre o Autismo não é somente para o trabalho, é para a vida, para um mundo com menos preconceito, mais livre e com mais amor”, conclui.

Fonte: C2 Comunica